As vezes... é melhor viver só das memórias.

Há algumas décadas, neste mesmo dia dos namorados... eu vivia um daqueles momentos que o tempo não apaga.

Estava lá... eu, com meu terno esporte social, cabelo impecável e coração acelerado...

não apenas pela data, mas... pela companhia ao meu lado, Guadalupe.

Sim, ela mesma… a doce, meiga e encantadora Guadalupe. Naquele tempo, era uma das moças mais cobiçadas do nosso grupo de amigos e lá estava eu, com ela. Ela, com aquele sorriso radiante, envolvida num vestido branco que parecia ter sido desenhado só para aquela noite. Eu... todo orgulhoso, abraçando-a pela cintura, como se o mundo inteiro coubesse ali.

Era época de bailes e tertúlias, onde o romantismo era o enredo principal. Havia uma inocência sincera na forma como dançávamos, como nos olhávamos, como sonhávamos juntos sob o som de alguma melodia antiga que hoje só consigo ouvir em meus pensamentos.

O tempo, passou... As roupas mudaram, os salões se calaram, os encontros viraram lembranças. Guadalupe seguiu seu caminho, e eu o meu. Hoje, prefiro o silêncio das minhas recordações... As vezes... é melhor viver só das memórias.

Me vejo ali , jovem, elegante, apaixonado .... como se aquele instante tivesse ficado suspenso no tempo. E talvez tenha mesmo. Porque há lembranças que não pedem continuidade...

Melhor assim... Onde o tempo não fere e a saudade não pesa.