A dor é voz que o corpo emudece...
quando o perigo à carne se anuncia...
é chama oculta, austera sentinela...
que aos poucos fere, mas também vigia.
Não é cruel, embora cause pranto...
é mestra antiga em sombra disfarçada...
que ensina o peito a suportar o canto
da dor que cura a alma dilacerada.
Quem nunca ardeu no fogo do engano...
não sabe o quanto a dor pode ensinar...
de renascer após se consumir.
Pois há na dor um traço de ternura...
que guarda a alma, mesmo na amargura...
e impede o coração de se iludir.